quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Perder nem sempre é desastre

Tenho recebido muitos e-mails com promessas de perda de peso, de barriga, de medidas. Tratatamentos fantásticos para chegar em forma no verão.

Sim, todo ano a história se repete. As academias estão lotadas, todo mundo correndo para "perder" alguns quilos, para não fazer tão feio no verão.

Li hoje o poema "A Arte de Perder" de Elizabeth Bishop.
Sim, perder não é desastre.

Desastre é não saber perder. É se apegar a hábitos, a atitudes que não fazem bem nenhum, seja ao corpo como à mente.

Desastre é perder peso para o verão e recuperar já no decurso dele.

Perder é uma arte. Eu perco todo dia e ganho muito  pelo espaço aberto.  


A Arte de Perder

A arte de perder não tem mistério;
Com tantas coisas propensas a serem
perdidas,
A perda delas não é nenhum desastre.

Perca algo todos os dias. Aceite a irrequieta frustração
De perder as chaves da porta, de desperdiçar tempo.


A arte de perder não tem mistério.
Comece então a perder mais, e mais depressa;
Lugares, nomes e o destino de sua viagem.
Não é nenhum desastre.
Eu perdi o relógio de minha mãe. E mais!
Minha última, ou penúltima casa, também se foi.


A arte de se perder não tem mistério.
Eu perdi duas cidades, muito queridas. E, mais ainda,
Alguns domínios que eu possuía, dois rios e um continente.
Sinto falta deles, mas não foi nenhum desastre.

Perder você inclusive (sua voz gozadora,
um traço que adoro) não me fará mentir. É evidente
Que a arte de perder não tem lá tanto mistério,
Embora pareça (escreva a palavra!) um desastre.

Elizabeth Bishop (retirado do site O Fiel Carteiro)

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