segunda-feira, 28 de abril de 2014

"Não existe humor pior do que o contínuo"

Doar livros e-ou trocá-los é um hábito altamente positivo.
Semanalmente encontro um tempo para remexer nas estantes intocadas e (re)descobrir livros que nem imaginava possuir.
"A Arte da Prudência" de Baltasar Gracián foi a última redescoberta e vai passar mais tempo perto de mim.
Um "livreto" fácil de portar conhecido como um "Oráculo Manual".
Qualquer página oferece sem frescura uma ponte para a prudência. São trezentas máximas que abarcam todas as situações da vida de qualquer um.
O título da postagem de hoje foi retirado da máxima 76:
Não brincar o tempo todo
A prudência é reconhecida pela seriedade e granjeia mais respeito que o talento. Quem vive brincando não é um homem que mereça confiança. São comparados aos mentirosos e nunca lhes dão crédito. De um tememos a trapaça, do outro a zombaria. Nunca se sabe quando estão exercitando o juízo, o que equivale a não tê-lo. Não existe humor pior do que o contínuo. Alguns ganham a fama de espirituoso e perdem a fama de sensato. Há momentos para o riso, mas o resto do tempo pertence à seriedade.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Choque de realidade

"
Seguindo na linha da frase extraída do livro que estou lendo "para ser um artista, é preciso entregar ao mundo a verdade sobre si mesmo, sem medo das consequências" resolvi revisitar uma questão que desde que me conheço por gente, me incomoda.
 
Apresentações. Sim, não aquelas de aperto de mão e nome.
Não. Falo daquelas mais complexas, quando estamos diante de um grupo, muitas vezes desconhecido até então, unidos por um determinado interesse e é sugerida a tal apresentação.
 
Já participei de muitas destas rodadas e invariavelmente são sempre iguais, ou seja, apresentamos apenas aquilo que pode ser lido no documento oficial de identificação.
 
Nome, sobrenome, idade, estado civil, filhos e profissão. Parece suficiente, mas não é, mas alimenta o círculo.
 
 
Apresentar-se é muito mais do que isso, mas temos medo de nos entregar e das consequências.
 
Assim, posso afirmar que até hoje jamais me apresentei, para ninguém.
 
Hoje li uma apresentação da escritora Sveva Modignani  que me fez corar de vergonha, (1)por não ser artista e livre dos meus fantasmas e (2) por jamais ter tido a paciência, a calma, a sabedoria e a coragem para saber realmente quem sou e assim  me apresentar devida e confortavelmente.
 
Copio o que ela disse, para aprender e quem sabe me apresentar ao modo justo.
 
Ma a me piace presentarmi così…
di Sveva Casati Modignani

Sono nata a Milano, dove vivo con un bassotto prepotente.
Ho due figli, un numero ragionevole di parenti e amici affettuosi che mi sopportano con infinita pazienza, alcune (un paio) amiche del cuore con le quali litigo spesso per il piacere di far pace.
Cucino volentieri, ricamo a punto croce, coltivo l’arte del sonno.
Mi piacciono le torte fatte in casa, i film sentimentali, le canzoni di Paolo Conte e Frank Sinatra, i fiori del mio giardino e la neve.
Vorrei avere la battuta pronta, scrivere commedie brillanti, saper usare il computer e non sentirmi in colpa quando non lavoro. Detesto gli elettrodomestici, la pentola a pressione, la pioggia e le persone arroganti.
 
Parece simples, mas não é.
Vou aprender.
 
Obrigada, Sra. Sveva pela aula.
 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Leituras


As trocas de livros seguem em ritmo forte e as pilhas crescem.
Devido aos compromissos assumidos, diminuiu o ritmo na leitura.
 
Ainda assim, terminei a leitura do livro "Esquerda Caviar" e, exceto algumas discordâncias (a unanimidade é burra, como dizia Nelson Rodrigues) só posso dizer que o livro é excelente, muito esclarecedor e bem escrito.
 
Daqui a algum tempo ele vai para troca, porque livro como este tem que ser compartilhado com mais leitores. Antes vou reler algumas páginas que deixei marcadas com post-it.
 
 
 
Quando um bom livro acaba, vem o dilema da próxima leitura e o escolhido é o livro ao lado, que ganhei de presente há bastante tempo, de uma pessoa que já não faz parte do meu círculo social. O livro parece bom, um romance com traços autobiográficos.
 
"para ser um artista, é preciso entregar ao mundo a verdade sobre si mesmo, sem medo das consequências" (excerto extraído do livro)
 
 
 
 
 

terça-feira, 22 de abril de 2014

Viagens e encontros

 
 “Um fio invisível conecta aqueles que estão destinados a encontrar-se, independentemente do tempo, lugar ou circunstância. O fio pode esticar-se ou emaranhar-se, mas nunca romperá.” (Provérbio Chinês)
 
 
Fim de semana com feriado e muito significado histórico e religioso, fez o povo brasileiro viajar muito.
 
As pessoas trocaram de cidades, de estados, de rotinas e não deixa de ser curioso e divertido este hábito de fugir do próprio habitat.
 
Fui para o Paraná, estado que adoro e aproveitei que os paranaenses estavam viajando e curti seus espaços vazios. Eu e uma multidão de turistas que tiveram a mesma ideia.
 
Pois é.
 
E aconteceu de tudo, encontros, desencontros, muitos testes sobre a capacidade de conviver com desconhecidos, muita natureza, muita beleza e um passivo considerável de que nem tudo são flores.
 
Conheci duas cariocas que espero sejamos amigas para sempre e que a distância não nos separe. Temos muito para trocar agora que agarramos o tal "fio invisível".

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Motivos Operacionais....

Sem muita fé, fui mais uma vez dar uma olhada no cód rastreamento deste livro da foto, enviado para mim no início de fevereiro. Para minha surpresa descubro que finalmente os correios tinham atualizado o andamento e que o livro estava desde 11 de abril p.p. esperando o "próximo dia útil" para a entrega. Pode isso?
 
Poder não pode e não deve. Mas em um país decadente, sem serviços públicos eficientes tem que correr atrás. Não vou contar a maratona, porque quase desisti.
Mas como insisto nos meus direitos já estou com o livro em mãos e muito feliz.
 
Como prêmio, trouxe mais um que estava parado nos correios, sem previsão para entrega.
Fazer o que?
 
Ser feliz e comemorar!
 
Adoro viajar, mas Pantanal é um lugar que  pretendo conhecer por filmes, fotos, livros e músicas. É lindo, misterioso e imenso e eu quero preservar na memória desse jeito mágico.
 
No início do livro palavras de Manoel de Barros:
 
"Beleza e glória das coisas o olho que põe.
Bonito é o desnecessário.
É pelo olho que o homem floresce".
 
Antes de ir aos correios fui entregar 13 livros infanto-juvenis na creche. Encontrei uma freira que não via há muito tempo. Ganhei mais do que doei. Revê-la, ganhar todos aqueles abraços que já não lembrava quanto são fortes e acolhedores, fez tudo parecer mais simples e belo.
 
Ah propósito, fui muito bem atendida no CDD dos Correios. Os nossos carteiros ainda são excelentes no serviço que prestam. Precisam abrir os olhos para os sindicatos que querem ferrar o serviço público. Não tenho dúvidas.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O que não vai para troca vai para doação

Separei hoje uma pilha de doze livros - literatura infanto-juvenil - que irá para o acervo de  uma creche que desenvolve um trabalho muito importante com crianças de 3 a 18 anos de idade.
 
Escolhi a dedo os livros, no sentido de que sejam  inspiradores. Vai ser meu presente de páscoa, para uma congregação religiosa que faz parte da minha história, desde outra cidade, em um orfanato onde passei quatro anos tomando consciência da minha individualidade e de como sobreviver no coletivo nem sempre amigável.
 
Não tem dia marcado para doar algo, para presentear alguém, para abraçar, para querer bem.
 
Não tem dia para ser feliz ou triste, são ou doente.
Todo o dia é dia para acontecer algo.
 
Há muito tempo não tenho mais roupas e sapatos para doar (em quantidade).
 
Agora chegou a vez dos livros. Os que não troco, ou não vou ler mais, vão ganhando novos donos.
 
Já devolvi todos que não eram meus e foi muito bom ter assumido este compromisso, caso contrário ainda não os teria lido.
 
Este mês chegaram livros maravilhosos. Quando  terminar de ler "A Esquerda Caviar" vai ser um páreo duro escolher o próximo. Um ótimo "problema".

quarta-feira, 2 de abril de 2014

trocas e mais trocas

Na atualidade, os melhores gestos da minha vida são graças à internet. Até quando, com o Marco Civil aprovado? Espero que seja mais uma lei que já nasce morta e que não regule ou censure nada do pouco que ainda temos.
 
Nas relações pessoais, face a face, estamos sempre correndo, evitando a intimidade, o convívio, o olho no olho.
 
Precisamos marcar  encontros com antecedência, provoca-los, porque a espontaneidade não tem mais espaço.
 
Ser vivo e humano é sinônimo de ser adaptável às regras vigentes, é transformar o presente em algo  viável e quase sobrenatural.
 
Ontem jogaram um coquetel molotov no prédio em que moro. Isto é ser humano? Qual a mensagem disto?
 
 
Apenas pensei alto, porque estamos perdidos.
 
Enquanto ainda existe uma pequena ilusão de que os correios ainda funcionam eu me aventuro em trocas de livros, dividindo com outras pessoas meus interesses literários.
 
Este livro de Pat Thomas é muito bom e fico feliz em trocar com alguém do meu próprio estado. Aproveitei para reler alguns capítulos.
 
Esta é uma das vantagens de trocar livros. Não fossem as trocas, os livros restariam abandonados nas estantes. Assim, ao menos, são relidos e homenageados na partida tanto quanto no ingresso.