sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Quem vê só a capa não vê nada!

Existem livros que, como pessoas especiais, esperam sua vez e este esperou pacientemente.

Primeiro livro que leio deste Autor. No início senti um certo desconforto, parecia denso demais para a leitura que eu me propunha.

Antes de abandonar o livro, levei para o elíptico e em três dias,  durante os exercícios e duas noites antes de dormir, emocionada, terminava a leitura.

Como na vida, às vezes é necessário ir além do desconforto inicial, ir além, observar melhor, como para produzir arte como o autor nos exemplifica através das viagens do livro.

É um livro bom tanto para quem gosta de arte, como para quem gosta de viajar, mas especialmente para quem não entende nada de arte nem de viagem e pensa que entende.
Quanto a mim, me fez rir, me emocionou e me fez reler alguns trechos para refletir melhor sobre meus conceitos ou experiências diante da natureza e da arte. Estou emocionada.
São tantos excertos para registrar, mas fica um, que me faz recordar da última viagem e do retorno à casa:

"Mas o que é o estado de espírito de viajante? Pode-se dizer que a receptividade é sua principal característica. Aproximamo-nos de novos lugares com humildade. Não trazemos ideias rígidas sobre o que é interessante. Causamos irritação aos moradores locais porque paramos em trechos em obras da pista, obstruímos o caminho em ruas estreitas e admiramos o que eles consideram detalhes pequenos e estranhos. Corremos
o risco de ser atropelados porque ficamos intrigados com o telhado de um prédio
governamental ou com a inscrição de uma parede. Pensamos que um supermercado ou
um salão de cabeleireiros é especialmente fascinante. Exploramos de forma
interminável a apresentação de um cardápio ou as roupas dos apresentadores do
noticiário noturno. Estamos atentos às camadas de história por baixo do presente,
tomamos notas e tiramos fotos.
Nosso ambiente doméstico, por outro lado, encontra-nos mais acomodados em
nossas expectativas. Estamos convencidos de ter descoberto tudo o que é interessante
numa vizinhança basicamente por ter vivido ali durante muito tempo. Parece
inimaginável que haja algo novo a ser descoberto num lugar em que vivemos há uma
década ou mais. Estamos habituados e, portanto, cegos."

Sim, o grande risco é a cegueira, a falta de sensibilidade para supreender-se com o novo e principalmente com o novo olhar sobre o que consideramos velho, já conhecido. 
Para mim não tem jeito melhor de viver do que com o constante "estado de espírito de viajante" e aí está a grande arte de viajar, seja longe, seja perto, seja na própria casa ou quarto.  Vou ler mais livros deste autor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Um sonhador é alguém que só consegue encontrar seu caminho à luz da lua, e seu castigo é ver o amanhecer antes do resto do mundo" Oscar Wilde