Assisti no final do dia de ontem um pronunciamento da ocupante do cargo de presidente da república do Brasil com a própria voz dublada.
Como ela se atrapalha no improviso e até na leitura de textos pequenos, o pessoal que cuida da "imagem" dela deve ter gasto muitas horas no trabalho.
Fico imaginando o quanto custou aquela gravação. Quantas horas de ensaio e ainda assim ficou com cara de falso. Fiquei imaginando se isso já aconteceu algum dia com outro presidente, e eu que não prestei atenção.
Achei feio, surreal, indigno e desrespeitoso para com os cidadãos.
A realidade hoje é maquiada e para essa falsidade o gasto público é imenso. Enquanto isso a educação, a saúde e a segurança públicas são cada vez mais distante de todos nós.
As leis são feitas para proteger infratores e não as pessoas que trabalham e cumprem os seus deveres. Para estes, quase nenhum direito.
Ah, o direito de ficar calado, este sim viceja. No mais, o direito de não reagir.
Não reagir ao assalto, não reagir à violência, não reagir à mediocridade, não reagir à corrupção.
Li dia desses que a maior miséria não é passar fome (até os abastados fazem dietas de restrição de alimentos), mas que a maior miséria, a maior pobreza, é silenciar e não participar da sociedade.
É o que nós brasileiros mais sabemos fazer. Somos mestres em não-reação, mestres na inércia e por isso vamos cada vez pior.
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