sábado, 18 de agosto de 2012

Forasteira, aqui e acolá!

Levei para a viagem um livro - Cozinha Confidencial - de Anthony Bourdain. Foi e voltou sem terminar a leitura. Li apenas umas 4 páginas. O livro é maravilhoso, mas como fui para os EUA para estudar e viver em imersão por um mês na cultura local, estive bastante ocupada com outros livros, as pessoas e os lugares.

De volta pra casa, colocando a vida em ordem, lembrei que poucos dias antes da viagem, recebi em empréstimo o último livro de Marlena de Blasi - "A doce vida na Úmbria". Comecei ontem à noite a leitura e não consigo parar de ler.
Adoro os livros desta americana que vive na Itália com seu marido italiano. É o quarto livro que leio e a coragem dela ainda me emociona. Existem pessoas que são admiráveis, e Marlena sem  dúvida é uma delas. Provavelmente terminarei de ler este livro no máximo em uma semana e assim poderei devolvê-lo logo. Não gosto de "prender" o que não me pertence.

Um trecho do livro me fez lembrar das minhas próprias emoções em Chicago, onde estive totalmente solitária, sem me abater, decidindo a cada dia um caminho novo e surpreendente, independente dos transtornos e obstáculos que se apresentavam.

Eis Marlena, p.75 falando também por mim (sem saber):

"...a sensação de ser forasteira, mesmo naquela ocasião, não me era desconhecida. Quando criança vivi em uma sociedade fechada, portanto há muito tempo tive que aprender a superar as dores que ela causa. Na juventude, o instinto me ofereceu dois caminhos. Podia ser doce e submissa e, ocasionalmente ser incluída, pagando o preço de trair a mim mesma. Ou podia dizer o que sentia, o que pensava e arriscar uma vida de eremita. Na maioria das vezes escolhi este último caminho. O que nunca fiz foi vagar pela vida choramingando em busca de aprovação e confirmação. O que com certeza nunca fiz foi sair por aí bajulando os outros para receber amor. Assim, tendo sido uma forasteira em outras ocasiões e em outros lugares (...) Decidi ficar encantada. Pois se eu mesma não estivesse encantada, que encantos teria para oferecer? A própria completude é a única forma pela qual um corpo pode aspirar e ajudar a sustentar a alegria de outro. De qualquer outro. (...) Da minha adaptação, eu cuidaria sozinha. Muitos de meus prazeres seriam solitários. (...) Quando saía para conhecer minha nova cidade eu podia ser tagarela, inocente, desajeitada, com lábios vermelhos demais, com voz baixa demais, maus modos, linguagem acidentada - tudo era meu. Eu podia decidir. 
Achei que uma das melhores coisas em morar em outro país era a oportunidade de ter 10 anos de novo. Ou pela primeira vez. Tudo era novo, não experimentado. Aprender a falar, pensar e sonhar em outra língua. Ver como as pessoas tomam o chá, partem o pão, se relacionam. Não apenas uma passagem, uma perambulação entre os nativos, mas me estabelecer entre eles. Sabia que me sentir em casa no mundo era um modo de enriquecer. De enriquecer do jeito que eu queria."

Um comentário:

  1. Oi demorei mas cheguei, retribuindo sua visita no meu blog, li alguns posts seu vi que vc passou um mês nos EUA que massa!!! Dev ter sido uma experiencia unica nao foi?
    Desde ja obg pela visita, e tudo de bom pro cê!! bjs

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"Um sonhador é alguém que só consegue encontrar seu caminho à luz da lua, e seu castigo é ver o amanhecer antes do resto do mundo" Oscar Wilde