sábado, 14 de novembro de 2015

Três meses

Eu devo muito a pessoas que provavelmente mal lembram que eu existo.

Uma delas é um homem que nem sei se ainda vive, não lembro mais seu nome nem rosto. Recordo apenas o cenário onde a experiência aconteceu. 

Eu queria mudar de local de trabalho, estava cansada de fazer o mesmo, já não tinha para onde crescer e pensei que mudando os afazeres me sentiria mais motivada.

Fui fazer entrevista com este senhor, uma pessoa importante que precisava de auxiliar.Em sintese, ele me recusou, fazendo-me pensar que o que eu queria não ia durar mais do que três meses. Que logo eu estaria com a mesma insatisfação. Não esperava que me recusasse. Saí frustrada, sabendo que não tinha argumentos para rebater sua recusa.

A lição que ele me ensinou guardo comigo até hoje. Aprendi com a recusa que realmente o prazer da novidade dura pouco e que SE só vou mudar de barco, de tarefa, de amor, do que seja, porque estou "cansada" do que faço, logo estarei apenas cansada novamente.

Faz três semanas que nos encontramos. Tudo é novo, delicado, elegante. Temos respeito um pelo outro e estamos  conhecendo um ao outro, não com perguntas e respostas comuns de questionários, mas com  os sentimentos que despertamos um no outro. Falamos línguas diferentes, mas nos entendemos 90%  e o restante é para desafio, para contexto e para emocionar.

Por que temos que entender tudo, saber tudo, prever tudo? 
Não é o homem que idealizei, nem eu sou sua mulher ideal dele, mas estamos desafiando a gravidade do presente e também nossos sonhos.

Este final de semana estamos longe um do outro por compromissos assumidos muito antes de existirmos juntos. E eu lhe disse que sentiria saudades e ele me disse o mesmo em sua língua. Me ensinou palavras novas e despertou em mim novos sentimentos.

e lembrou-me o poeta Vinicius de Moraes:

"que não seja imortal, posto que é chama.
mas que seja infinito enquanto dure".

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"Um sonhador é alguém que só consegue encontrar seu caminho à luz da lua, e seu castigo é ver o amanhecer antes do resto do mundo" Oscar Wilde