quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Desconectada

Dá pra viver sem alguma coisa depois que se é dependente?
Claro que dá, a resposta é óbvia, mas o caminho da liberdade,  depende do grau de dependência e força de vontade do indíviduo aprisionado nos limites auto impostos.

Já fui dependente de muitas coisas. Ainda sou não imagino de quantas. Como se faz um inventário disto?

Uma das primeiras dependências que me lembro foi da companhia de pessoas. Queria sempre estar com alguém: amigo, conhecido, inimigo, indiferente, qualquer um e para isto sacrificava minha opinião ou exagerava para ganhar adeptos.  Fui famosa, requisitada e desejada. Também fui odiada e criticada. Causei danos e me danei.
Com o tempo se aprende  que quantidade baixa a qualidade. Daí refinei, refinei e refinei tanto as companhias que hoje é fácil zerar. Desde que descobri que era descartável, e que solidão não tem cura, aliviei a dependência.
Experimentar na carne o ditado popular "antes só do que mal acompanhado" faz a gente aprender a se conhecer, ou a menos tentar com mais vontade e qualidade.

O que quero para mim? Quem sou eu? Por que assim e não assado? Por que tenho que concordar só para parecer agradável e engajada? Por que tenho que ter opinião sobre tudo e todos?

À medida que fui levantando sobre as próprias pernas, descobri que sou descartável, mas do tipo reciclável, o que é uma vantagem interessante. Ainda estou viva. Ainda escrevo, respiro e meu corpo tem necessidades. 
Por vezes saio um pouco amassada das experiências, tipo inutilizada, mas o tempo recompõe a carcaça para outras emoções. Outras vezes saio tão suja, tão melequenta que leva anos  para descontaminar, a mim e ao que me cerca.

Não tem outro jeito. Um passo de cada vez. Abrindo comportas.

Tenho urgência para ver a cara de 2012! Quem diria. Deve ter surgido em uma das últimas reciclagens.
Quem sabe?

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"Um sonhador é alguém que só consegue encontrar seu caminho à luz da lua, e seu castigo é ver o amanhecer antes do resto do mundo" Oscar Wilde